sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Matéria do dia 17 de agosto de 2012 - Blog do Crato, Chapada do Araripe, conta um pouco da história do Frei Agatângelo de Crato.


Frei Agatângelo de Crato – por Armando Lopes Rafael



 Dias atrás, conversando com monsenhor José Honor de Brito, este me contou um fato interessante. Disse-me monsenhor Honor que quando era pároco de São Miguel, em Crato, leu uma correspondência vinda da cidade italiana de Loreto, na qual fiéis católicos pediam informações biográficas sobre Frei Agantângelo de Crato, capuchinho cratense lá falecido com fama de santidade.
Os fiéis de Loreto tentavam reunir a  documentação exigida pela Igreja Católica para dar entrada ao processo de beatificação desse capuchinho, quase desconhecido entre nós.
Quem foi Frei Agantângelo de Crato? Seu nome civil era  Ambrósio Cícero Bezerra Lobo e foi o décimo sexto filho do casal Cícero Bezerra Lobo – antigo tabelião do Cartório de Crato – e Maria Rodrigues Bezerra. Seu pai  provém do tronco do ilustre Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro.  Ambrósio nasceu em Crato, aos 31 de maio de 1928, no seio de um família honrada e profundamente católica. Certamente por isso  ele  escolheu seguir a vida religiosa, o que o fez  dentro da Ordem dos Capuchinhos, recebendo lá o nome de Frei Agantângelo de Crato.
Com dezenove anos de idade o futuro Frei Agatângelo de Crato (anos depois ele também usaria o nome de Frei Ambrósio Bezerra Lobo), ingressou no seminário dos Capuchinhos da Bahia e Sergipe, na cidade de Esplanada (BA), onde iniciou o noviciado em 08 de março de 1947, tendo proferido os  votos solenes de capuchinho  em 19 de março de 1951. Depois disso ele foi mandado por seus superiores para cursar  teologia no Studio Teológico dei Cappuccini Piceni em Loreto, Itália, sendo ordenado sacerdote em 11 de julho de 1954.
          Após a ordenação ele veio visitar seus pais, irmãos e demais familiares,  residentes no antigo distrito do Muriti,  hoje bairro de Crato, onde foi feita a foto abaixo.
Retornando à Europa, viveu uma temporada na Inglaterra, onde aprendeu o idioma inglês. Após contrair tuberculose foi aconselhado a voltar ao Brasil, cujo clima ajudou na cura da doença. No Brasil viveu alguns anos na cidade de Alagoinhas, na Bahia, ocupando cargos de responsabilidade na Ordem dos Capuchinhos, inclusive o de guardião. Depois foi enviado por seus superiores para ser diretor  da Rádio Sociedade de Feira de Santana – Bahia.
Depois dessa temporada no Brasil, Frei Agatângelo de Crato pediu aos superiores para voltar à Província Franciscana  das Marcas, na Itália. Lá, no Santuário Mariano Internacional de Loreto, distinguiu-se pela cultura, oração e como confessor e orientador das famílias daquela região. Dotado de vasta cultura, ajudou na tradução para o português da “História dos Capuchinhos no Brasil”, obra historiador Frei Pietro Regni. Em Loreto, voltou a ser acometido da  implacável doença que o fizera sofrer décadas atrás. Após longa enfermidade,  bem preparado espiritualmente, terminou os seus dias de vida terrena, com a fama de um homem santo, sendo chamado pelo povo daquela localidade de  “Padre Agatângelo brasiliano”. O cratense Ambrósio Cícero Bezerra Lobo faleceu no convento capuchinho de Macerata, na  Itália, em 22 de fevereiro 1996, aos 68 anos de idade e 49 anos de exemplar  vida religiosa.
Sua cidade natal ainda está a lhe dever uma homenagem à altura da sua profícua vida…